quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
Munições Com Pontas Frangíveis de Tungstânio Extreme Shock Fang Face
As munições com projéteis frangíveis de tungstênio não são uma novidade. Tenho guardado comigo algum material sobre pontas deste tipo em munições para rifles.
O tungstênio é um metal raro na natureza e, por conseguinte, caro como matéria-prima.
No processo de fabricação de balas frangíveis de tungstênio, pulveriza-se o metal para, em seguida, comprimi-lo, de modo que as balas “explodem” no impacto contra o alvo.
Como as de toda munição frangível, essas pontas apresentam as vantagens de não transfixar do primeiro alvo atingido, nem ricochetear em direção ao próprio atirador ou a terceiros inocentes.
Sobre as munições Extreme Shock, com pontas do tipo “hollow point” batizadas de Fang Face (Face Denteada), existe material escasso e pouco claro na web.
Entrementes, o que é demonstrado em vídeos feitos pela fabricante, revendedores e usuários é algo que surpreende bastante e aguça a nossa curiosidade. Transferindo toda a energia que carregam para as superfícies contra que se chocam e desintegram, os projéteis dessas munições “explodem” à maneira do que se propunha acontecer em relação a balas preenchidas no seu interior com mercúrio ou glicerina, porém, é enfatizado que as munições Extreme Shock não são tóxicas, a despeito da polêmica em torno de serem estas cancerígenas.
No vídeo supostamente amadorístico abaixo, são testadas munições de ponta de tugstênio da Extreme Shock no calibre .45 ACP em melancias. O primeiro disparo que se vê é dado com uma pistola usando munição .45 ACP convencional; o segundo disparo é dado com um cartucho no mesmo calibre e da mesma pistola, porém utilizando-se munição Extreme Shock com ponta no formato do tipo Fang Face. Seguem as comparações entre as munições num segundo teste em que novamente é utilizada uma melancia como alvo.
Conquanto as melancias atingidas pelas pontas em questão fiquem esbagaçadas, a parte traseira das frutas permanece intacta. Isso demonstra que as balas não transfixam o alvo como ocorre em relação aos projéteis de .45 ACP convencionais a curta distância (sete jardas, ou 6.4 metros aproximadamente).
A fabricante salienta, trocando em miúdos, que essa munição rompe ligações nervosas, produzindo estado de choque sempre que atinja em cheio um tórax humano. Mesmo sobre membros o resultado há de ser devastador, tendendo a paralisar o oponente.
O vídeo seguinte mostra testes feitos em gelatina balística e outros alvos, porém as imagens são jogadas na tela muito rapidamente e sem nenhuma explicação detalhada...
Não parece que a munição seja algum “top secret”, ao contrário, vários sites, inclusive, apresentam links para a sua venda, entretanto, se esquivam estranhamente de dar maiores explicações sobre os produtos.
A próxima filmagem mostra a utilização de uma munição Extreme Shock do mesmo tipo em 5.56x45mm subsônica. Essa munição pode ser carregadas nos rifles da família AR-15/M-16/M-4 sem qualquer alteração na arma, segundo o vídeo e o site da empresa responsável.
No vídeo acima, garante-se que é possível abater um javali de 250 libras e, logo, em seguida, um outro de 275 libras, como se vê nas imagens, animal normalmente muito resistente a tiros, com um único disparo desse tipo de munição e no calibre .380 ACP, um calibre, até aqui, reputado “anêmico” e adequado ao uso em defesa pessoal apenas por mulheres com mãos pequenas e braços delicados. O vídeo anterior, visto mais acima, já mostrava um javali de 425 libras abatido por dois tiros de .32 NAA Fang Face; em seguida, um animal imenso abatido com um tiro só de 9mmP e, finalmente, um último porco selvagem de 475 libras morto com dois tiros de .380 ACP Extreme Shock.
Os testes com javalis demonstram que essas balas não se detêm diante de vestimentas grossas como ocorre em relação à munição Glazer: os porcos em questão possuem couro e pelagem, além de densas couraças de banha.
A munição seria ideal, ainda, para as atividades de contraterrorismo dentro de aviões, uma vez que os projéteis não perfurariam as paredes internas das aeronaves, se fragmentado contra alvos duros com baixo índice de penetração.
Há uma revolução no espectro das munições para armas leves ocorrendo no mundo e a nossa indústria de defesa precisa se afinar com essas tendências, pesquisando e manufaturando munições brasileiras capazes de atender às demandas atuais do combate armado nos planos militar e policial.
As munições Extreme Shock estão sendo oferecidas ao público em calibres táticos, policiais e de defesa pessoal, para pistolas, rifles e espingardas, que vão do .380 ACP e do 32 NAA, ao 9mmP, .40 SW, .45 ACP, .45 GAP, .38 Spl, .357 Mag, .357 Sig, e vão do 5.56x45mm, .308, 30-06, .300 Mag ao 12ga, passando, ainda, por outros.
Existem variações de tipos nos produtos para aplicações distintas, como se pode observar nos sites abaixo. Entretanto, até onde eu tive paciência para navegar nos referidos sites, muito mal-feitos e cheios de ilustrações juvenis, concluí que é o uso do tungstênio comprimido junto com outro tipo de material incógnito numa mistura a que fabricante chama de Tungsten-NyTrillium o que caracteriza, em linhas gerias, os projéteis dessas munições.
Site da fabricante
Site de uma verendedora
Não obstante a aparência pouco confiável de ambos os sites, bem como dos vídeos vistos, a munição me chamou atenção e despertou uma mescla de curiosidade e ceticismo em relação à autenticidade dos testes e informações. Apenas após ler o relato do Jeff Quinn, no site Gunblast.com, consegui dar crédito definitivo à eficiência das pontas de tugstênio fabricadas pela Extreme Shock. [Hoje, em 27 de junho de 2009, verifica-se que há uma nota neste último site aos eventuais compradores, comunicando que a munição Fang Face não é mais produzida pela Extreme Shock, mas alguns dos produtos anunciados ainda podem ser comprados em pequenas quantidades, logo, provavelmente, a sua comercialização para civis não chegou a ser proibida].
Foto em que se vê um cartucho de munição táctica 12ga Extreme Shock com bagos de tungstênio comprimido à mostra fora do estojo:
Um último vídeo mostrando, além do que já se viu acima, testes comparativos entre o rendimento de munição frangível da Cor-Bon (Glazer) e munição Extreme Shock:
Feedback
Quando eu divulguei o link deste artigo sobre a munição Extreme Shock, com pontas frangíveis de tugstênio, houve uma certa descrença por parte de alguns colegas, que encontraram relatos estranhos em fóruns estadunidenses, os quais apelavam para a galhofa sem fundamentação.
Esses relatos, que eu já tinha lido por alto, colaboraram para me fazer pensar que a munição poderia ser melhor e mais perigosa do que me parecera ser quando escrevi sobre esta incialmente neste blog: as críticas e até algum teste comparativo sem qualquer nexo pareciam francamente financiadas pela concorrência (Cor-Bon).
Um relato definitivo sobre essas munições, entretanto, vem do Jeff Quinn e data já de 2007. O próprio Jeff Quinn matou um javali com um tiro de 9mmP, usando a sua pistola S&W, e ainda procedeu a uma autópsia do porco — palavras dele — para saber de que forma a munição tinha rompido os tecidos e órgãos internos do animal:
http://www.gunblast.com/ExtremeShock.htm
Enigmática do começo ao fim, a munição em questão deixou no ar algumas dúvidas e a forte impressão de que pontas frangíveis de tungstênio possam seguir sendo aprimoradas e produzidas para usos reservados nos EEUU e em outros países.
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