A carabina M4A1, atualmente, a arma básica do “US Army”, põe termo à polêmica sobre a inépcia ou não do calibre 5.56mm OTAN.
O 5.56mm OTAN foi defendido durante décadas como um calibre ideal para rifles de assalto com base no conceito de que ferir o soldado inimigo em campo de batalha seria mais vantajoso do que matá-lo.
Baseado no .223 Remington, um calibre para abater pequenos animais de caça (“varmint” em inglês), o 5.56mm foi desde o seu surgimento combatido por muitos, mas se impôs junto com a família de rifles desmembrados do AR10 (“Armalite model 10”) que tiveram no M16 o seu membro mais destacado. O AR15 (“Armalite model 15”) era uma versão mais compacta do AR10 e o primeiro M16, fabricado já pela Colt, uma versão ligeiramente modificada do AR15.
Esse excelente artigo em português constante da wikipédia e linkado abaixo inclui a sentença: “Até hoje é um mistério como a Colt fez com que o AR-15 fosse adotado pelo US Army, sobre o nome código M16A1, muitos acreditam que foi uma decisão política, pois não faz sentindo algum trocar uma arma precisa e confiável comoo M-14 com calibre 7,62x51mm OTAN, um dos calibres com maior poder de fogo, por um fuzil cuja a única vantagem evidente é o peso”. O artigo vem sendo combatido pelos "quintas colunas" pró-estadunidenses que não medem esforços para defender os interesses daquele país frente aos interesses nacionais e em tudo se assemelham aos antigos cultores do nazi-facismo no Brasil dos anos trinta e quarenta:
http://pt.wikipedia.org/wiki/AR-1
Uma grande verdade relacionada a isso é que o M14 nunca foi inteiramente substituído pelo M16 nas FFAA dos Estados Unidos e este outro verbete em inglês da wikipedia ilustra isso muito bem, inclusive com ótima coleção de fotos:
http://en.wikipedia.org/wiki/M14_r
Se procedem em alguma medida os escândalos sobre emprego de soldados ineptos nas FFAA dos Estados Unidos, sem dúvida foram estes os usuários-padrão do M16, ao passo em que o M14 — ou, mais precisamente, o M25) — continuou provendo o “Designated Marksman Rifle (DMR)”, como são designados os melhores atiradores de cada GC no USMC. O MBR ("Main Battle Rifle") norte-americano foi-se desdobrando numa família prestigiosa que inclui o M21, o M25 e a carabina SOCOM II, todos em 7.62mm OTAN e "netos" do M1 Garand.
Lista de armas utilizadas pelo USMC:
http://en.wikipedia.org/wiki/List_o
É impossível saber até que ponto a força política do "lobby" da Colt pode eclipsar a clareza dessa realidade, fazendo com que seja vendida ao mundo a imagem do insipiente M16 associada aos militares estadunidenses em escala superior à real, enquanto que do M14 e congêneres pouco se tem notícia através do cinema e outros meios de comunicação.
Teorias conspiratórias a parte, a rejeição pelo M16 e pelo calibre 5.56mm OTAN estão presentes em muitos documentos úteis.
Este vídeo da série “Armas do Futuro”, do Discovery Channel, traz uma consulta a um militar veterano de Forças Especiais do Exército Norte-Americano o qual lamenta o emprego do 5.56mm na Guerra do Vietnã, ao passo em que é apresentado o 6.8mm SPC Remington como uma das soluções em pesquisa para a inépcia daquele calibre:
Porém, uma das provas possivelmente mais cabais e definitivas da aceitação do calibre 5.56x45mm como inepto para uso em combate pelos seus antigos defensores estaria em novos conceitos incorporados à carabina M4A1: segundo algumas fontes, no default a arma passaria a operar em “three-rounds burst”, i.e., em rajadas de três tiros, possuindo um seletor que permitiria a operação facultativa apenas em “full auto”. Entretanto, passado um ano desde que surgiram essas especulações, não há confirmação da incorporação dessas modificações à arma... Ao contrário, os artigos que continham conteúdos sobre o fim dos tiros intermitentes em 5.56mm foram desaparecendo da web. É possível que a doutrina norte-americana desestimule os tiros singulares no "anêmico" calibre em questão, já que este, de fato, sempre foi defendido como útil em larga medida por adequado a dar rajadas.
Sobre a carabina M4, fontes muito importantes atualmente convergem para avaliações como esta que transcrevo a seguir do sítio Modern Firearms:
"From the first sight, the M4A1 SOPMOD is an ideal Special Operations weapon - handy, flexible, with good firepower. But the latest experience in the Afghanistan showed that the M4 has some flaws. First of all, the shorter barrel commands the lower bullet velocities, and this significantly decreased the effective range of the 5.56mm bullet. Second, the M4 barrel and the forend rapidly overheats. Third, the shortened barrel resulted in the shortened gas system, which works under greater pressures, than in M16A2 rifle. This increases the rate of fire and produces more stress on the moving parts, decreasing the reliability. While adequate as a Personal Defense Weapon for the non-infantry troops (vehicle crews, clerks, staff officers etc), M4A1 is, by some accounts, less than ideal for the Special Operations troops, at least in its present state. The idea of the complete re-arming of the US Army with the M4 as a money-saving measure, also is somewhat dubious".
A rigor, o emprego do 5.56mm em modo semi-auto está morto dentro do US Army e com o sepultamento dessa controvérsia, vê-se que “a Bíblia da Colt não tinha razão” e esse erro pode ter custado as vidas de muitas cobaias humanas norte-americanas no Vietnã.
Entrementes, razões comerciais, políticas e mesmo logísticas tendem a ir mantendo o 5.56mm em serviço nos EEUU e entre muitos dos países membros da OTAN. Uma dessas razões, que a Razão não desconhece, é a dificuldade em se aceitar uma derrota na guerra fria dos conceitos sobre armas e munições. Anuir em que o inimigo tinha razão e estava mais bem armado há sessenta anos atrás do que se está hoje é mais que doloroso: pode ser contraproducente, baixar o moral e, ainda, ajudar a vender produtos alienígenas com evasão de divisas dentro de um determinado mercado.
LWRC SABR semiauto, em 7.26mm OTAN: exteriormente "maquiado" como se fora uma versão do M-16 é, contudo, trata-se de uma outra arma, que opera com ação de gases sobre pistão.
LWRC M6A2 PSD em 6.8mm Remington SPC: outro fuzil exteriormente semelhante ao Armalite, porém com operação similar a do nosso FAL (ação de gases sobre pistão).
LWRC M6A1 em 5.56mm OTAN ou 6.8mm SPC: todas as armas da empresa levam o sistema de operação rústico e confiável mencionado que os norte-americanos tanto admiram no FAL e no AK. O trancamento destes rifles é rotativo.
Em apêndice.
Publicação da LWRC intitulada "M16 Reborn" ("M16 Renascido"): um relato definitivo sobre a rejeição do 5.56x45mm pelas FFEE norte-americanas que se esforçam no sentido de colaborar com o desenvolvimento de um calibre de assalto aceitável em relação às suas necessidades. Porém, esse M-16 renascido das cinzas da morte que a LWRC propõe, com um novo calibre de assalto, o 6.8mm SPC Remington, é de fato uma outra arma, a despeito da aparência externa, e não realmente o rifle de Stoner, a qual, inclusive, opera com ação de gases sobre pistão.
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Print da capa do livreto:
3 comentários:
Otimo artigo companheiro
gostaria de agradecer o elogio ao artigo da wikipedia, pois sou o autor.
Ao longo dos meus 5 anos de pesquisa sobre armas de fogo percebo que o M16 e o 5,56x45 tem uma historia cheia de controversias e teorias conspiratorias realistas e que seria um erro terrivel o Brasil adotar tal calibre como padrão das FFAA nacionais, o q ue custaria centenas ou milhares de vidas em um possivel conflito internacional.
Olha só o que vai acontecer...
a OTAN vai investir no 6,8 e não vai dar o braço a trocer pro 7,62.
Pode ter certeza que daqui a 20 anos o 6,8 vai se popularizar na OTAN assim como aconteceu com o 5,56 décadas atrás.
o brasil está criando o ia2, nos dois calibres
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