quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

PP-2000, Vityaz PP-19-01 e Vityaz-SN




No tópico anterior, enfocamos as submetralhadoras de última geração que estão substituindo fuzis de assalto em algumas unidades militares especializadas e em forças policiais de países Europeus. Estas armas ultra-compactas têm como características comuns poderem ser levadas no coldre de cinturão, sacadas rapidamente e disparadas como uma só mão. Têm alcance e precisão de armas longas e, em geral, utilizam ou podem utilizar munições especiais para perfurar proteções balísticas.

O calibre 4.6mm é empregado na HK MP7A1 adotada pela “infantaria do futuro” ("Infanterist der Zukunft") e pela polícia alemãs, e, outrossim, por unidades militares de outras nações européias. O 5.7x28mm é empregado na FN P-90 que não foi enfocada naquele tópico, mas sub-rogou fuzis de assalto junto a unidades anti-terror, forças especiais e forças policiais por todo o mundo desde o final dos anos oitenta.

Algumas dessas submetralhadoras de última e penúltima gerações estão no limiar entre as submetralhadoras em geral e as pistolas automáticas, como a VBR PDW Sidearm, desenvolvida para uso com a munição VBR-Belgium 9mmP. A impressionante Brügger & Thomet MP9, de fabricação suíça, tem sistema de ação de pistola, “short recoil operation” com trancamento de culatra (“locking breech”), precisão intrínseca incomum e alcance de 50 metros com munições 9x19mm convencionais.

Foto da submetralhadora PP-2000, de fabricação russa.



Os russos, entretanto, estão fabricando submetralhadoras dentro desses mesmos padrões gerais que comportam todos os predicados das supracitadas com vantagens assombrosas sobre todas aquelas, inclusive, sobre HK MP7A1.

A mais compacta dessas pistolas-metralhadoras russas é a PP-2000 em que é empregada a munição 9x19mm 7N31 +P+, de características semelhantes às da VPR-Belgium 9mmP, comentada em tópico recente deste blog. Trata-se, como esta, de uma munição do tipo “armor piercing”, tão perfurante ou mais que a 5.7x28mm e a 4.6x30mm, porém com alto poder de parada e propelente em qualidade e quantidade suficientes para garantir um alcance efetivo estimado em 100 metros
, embora algumas fontes exagerem essa estimativa, chegando a falar em alcances efetivos de 200 e até 300 metros, que pela lógica, poderiam ser alcances de saturação. Outra munição empregada nesta arma é a 9x19mm 7N21 +P+, com jaqueta de aço.


A PP-2000 é produzida na célebre fábrica de Tula e opera no sistema "blowback"; levaria carregadores com capacidade entre 2o e 44 munições e pesaria 1.4 quilos vazia. A cadência de fogo da arma seria da ordem de 600 tpm. As primeiras versões não tinham coronha; as mais recentes comportam coronhas rebatíveis. O guarda-mato se extende para frente de sorte a formar uma superfície vertical de manobra. A seleção de fogo permite à arma atirar em regime semiautomático e automático.

Rústica, com um número extremamente otimizado de peças, esta submetralhadora é de construção simples e barata, nos moldes básicos da escola russa de armamentos leves.


Se a MP7A1 já era das armas mais impressionantes que eu havia visto, não sei o que dizer desta aparentemente prodigiosa PP-2000 a não ser ratificar que uma nova geração submetralhadoras está realmente despontando para substituir fuzis de assalto com amplas vantagens. Os MBR em 7.62mm, como o FAL, não perdem as suas aplicabilidades para estas armas, certamente, mas os fuzis de assalto no calibre 5.56x45mm, 5.45x39mm e outros calibre intermediários ficaram conceitualmente obsoletos diante delas. Isso não significa em absoluto que vá haver uma substituição de fato em nível global, mas apenas que esta substituição seria técnica e taticamente possível, trazendo vantagens que saltam às vistas.




Consta que a pistola Makarov e o fuzil de assalto Kalashnikov AKS-74U em 5.45x39mm, com cano de oito polegadas, cederam lugar recentemente junto a grupos táticos especiais das forças policiais russas a duas submetralhadoras de uso conjugado, respectivamente, a PP-2000 sobre que discorremos acima e a Vityaz PP-19-01.

Esta última pistola-metralhadora - ou sub-carabina, para alguns - é baseada no rifle de assalto ultracompacto AKS-74U, com que compartilha setenta por cento das peças. Porém, a arma opera em "blowback", tendo baixo custo de fabricação, e calça também o 9x19mm, convencional, 7N21 e, teoricamente, a 7N31, embora não haja fontes que mencionem o emprego desta última na Vityaz, por enquanto. Os carregadores em polímero de trinta munições da Vityaz PP-19-01 podem ser presos por um clipe dois a dois de sorte a permitir uma remuniciação mais ligeira.


Foto que se dizia ser da submetralhadora russa Vityaz PP-19-01 quando escrevemos este artigo, no ano passado, mas que, hoje, em junho de 2009, parece ser da Vityaz-SN dada a presença de trilhos do tipo Picatinny. Não há menção a um modelo PP-19-01 no site da Izhmash, levando-nos a crer que esta nomenclatura tenha sido usada para um protótipo ou modelo abandonado em prol do modelo SN.
(Igor Buys; 13 de junho de 2009)





Essa nova submetralhadora fabricada pela Izhmash, com coronha rebatível, pesa aproximadamente 3.0 quilos vazia, leva canos de 237.5mm (pouco mais de 9 polegadas) e dispara a uma cadência de 750 tpm com um alcance efetivo confirmado de 200 metros.

Uma versão da PP-19-01 chamada Vityaz-SN leva trilhos Picatinny para acoplar acessórios, tendo o aspecto de uma arma para emprego militar.


Foto da Submetralhadora Vityaz-SN


Esses dados incompletos e não obstantes impressionantes, a visão das armas e a previsão do que podem fazer nos levam a encerrar este tópico da mesma forma que encerramos o anterior. Indagando-nos sobre se não seria muito mais producente, mais urgente e importante que o Ministério da Defesa se concentrasse no desenvolvimento de munições especiais modernas capazes de perfurar proteções balísticas, com alcance, precisão e “stopping-power” compatível com o da 9x19mm 7N31 +P+ e o das VBR-Belgium, ao invés de pensar em trocar a nossa arma básica por um fuzil de assalto no natimorto e cada vez mais inóquo calibre 5.56x45mm?


Quando se queira um recuo menos acentuado para rajadas mais controláveis à curta distância, as munições em 9x19mm podem levar menor carga de propelente, tornando-se subsônicas e adequadas ao uso com abafador, hajam vista as munições em 9x39mm do VSS Vintorez, já que estamos comentando projetos da escola russa de armamentos leves. Desde o tópico deste blog sobre a CT-30 e munições que poderia utilizar, advogamos humildemente esta tese. As munições subsônicas à curtas distâncias mantém o poder de perfuração, tanto mais se forem do tipo AP (“armor piercing”).

O que não se pode é pleitear uma cadeira no Conselho de Segurança que irá eventualmente aumentar a necessidade de se enviar contingentes ao exterior a fim de integrar tropas de paz internacionais, correndo o risco de esses contingentes se defrontarem com oponentes virtualmente invulneráveis por conta do simples uso de coletes balísticos na configuração CRISAT ou superior, nem contar com a proficiência inquestionável do nosso velho FAL e do calibre 7.62x51mm para resolver todas as lacunas deixadas no arsenal pelas políticas de arrocho contra as FFAA brasileiras.


Vityaz-SN com dois carregadores presos por um clipe de metal.




Essas são apenas as palavras de um leigo, mas, encerram concomitantemente as preocupações honestas e isentas de interesses paralelos de um patriota brasileiro.

Havendo novas informações sobre as armas em loco aqui, atualizaremos paulatinamente este tópico.

Abaixo, vídeo recente da fabricante Izhmash, com narração em inglês, falando sobre a submetralhadora Vityaz-SN (atualização de 03 de outubro de 2009):

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